Just a Silent thought to share
4.9.09
O fim de um espaço negro
Entre a voz e o calado
Está a espera que arrepia,
Está o rasgo da memória,
Encobre-se a coragem no manto da covardia…
Ali, no contratempo, na luta,
Devolvem-se olhares furtivos,
Gestos altivos,
Amargura e alegria…
Entre a espada e a parede
Escorrem lágrimas e secam,
Desferem-se verbos
E decapitam-se carinhos
E enquanto a demora pernoita
Desfalecem os tendões do desengano,
Desacreditam-se as ilusões de outrora,
Perdido norte num horizonte apagado sem hora…
E, de repente,
Como quem desmente,
Do nada, algures, sem pensar,
O abraço!
Eu chego envolta em palavras,
De olhar traçado de azul e água,
Como quem soletra uma emoção,
De flocos de sol na mão,
E segredo numa brisa quente e suave
Em teu corpo suado e triste
Que no voo de uma ave
A esperança existe…
Que o céu ainda é pintado de magia
E que a chuva ainda sacia
Brotando em ti
A madrugada perdida…
S.
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