Entrevista com Sidónio Bettencourt na RDP Açores

Just a Silent thought to share

18.6.09

Se...d...u...ção


















Sem nudez
Sem ficção
Subtileza tímida e escorregadia,
Secretismo sob um véu cego,
Abraço sem toque,
Olhar que despe,
Suor arrepiado…
Um beijo soprado,
Lábios que se dilatam
No prenúncio imaginado…
Compasso distante que encurta
Falésia sem queda,
Entrega gratuita,
Labareda…
Limão gotejado
Mel destilado,
Arrepio e rasgo de voz
Suspiro e tremor,
Ardor…
Inocência que dança,
Mulher criança,
Encantamento livre,
Voo retido
Espera alucinante…
Errantes
Desejos desdobrados,
Multiplicados…
Instantes de magma
Em câmara subcutânea…
Miscelânea
De medo e ousadia,
Apelo às emoções,
Canções
Que se vingam nas pautas,
Num grito de êxtase…
Consumado.
Derramada a loucura,
Embriagada pela doçura
Da paixão adormecida
Que irrompe rendida…
Ao prazer.



S.

7.6.09

Ilha Arcanjo














Estou aqui!
Estou nos teus braços verdes e frescos,
Rebolada nas espumas que malham a rocha,
Que escorrem em carícias de mar…
E beijo-te docemente com o olhar!

Navego nas tuas aragens húmidas,
Nas tuas nuvens, velas brancas sopradas,
De oceano sugadas
Até a um céu fusco
De onde, lentamente, rebusco
Razões para sonhar…

Sem ti, manto de mulher secreta,
Amante de versos e ilusões,
Seria eu uma asa sem voo,
Caída e triste,
Fracasso de paraíso nú,
Um pouco que não existe…
Um manjar cru…

Mas estou aqui!
E a tua fragrância me engana
Em tentações de fuga,
Em ilusões de outras conquistas
Quando tu
És o desvendado oásis
Que só de longe aprendi a regressar
Como quem retorna a um abraço…
que é o teu!


S.

3.6.09

A Escolha


















Coragem dúbia de trilhos mal traçados!
Inversão de olhar que chora porque se esconde!
Paredes caladas que escutam a raiva cuspida…
Telhas que despedem o luar
Cujo encanto é um dilacerar
Do ensejo desnatado levado num sopro de mar…
Rebeldes falésias de um longínquo amanhã
Trituram ansiedades levedadas em lençóis.
Caem na cama como pétalas sangrentas, salgadas,
Lentas,
Molhadas,
Pesadas…
Fonte termal dorida voluntariamente
Porque dói menos aprender a doer
Do que deixar a dor desfalecer…


S.

2.6.09

O teu Segredo













Não sabes, fingindo…

As cores transformas em cinzas,
Com os lábios cerrados te enganas,
A voz esquece seus talentos!

Há sempre aquele aperto terno e suave,
Que é palavra curta mas extensível,
Flor primaveril em botão aprisionada,
Uma expressão que foge calada…

Os sóis dos teus sorrisos denunciantes,
As brechas por onde a emoção espreita,
O orvalho na alma denunciado,
E o suspiro é libertado, subtilmente.
Ele não mente!

No crepúsculo abres teus aposentos
E libertas o voo que é sonho sem destino,
Viras-lhe, no entanto, o rosto,
Escondes-te desse luar
E teimas ser desse tal divagar
O implacável guardião!

Não fazes mal, não!
É assim que se constrói um segredo,
É nessa magia que cresce um mundo perfeito,
Nesse respirar profundo que sorri
Que o olhar brilha fechado
Diante de um trono molhado
Onde chega a maresia do encanto
E, sem que destapes o teu manto,
Ele deixa trespassar uma luz suave,
Num voo livre de ave,
Que, de vez em quando,
Eu sinto poisar em mim!


S.
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