Entrevista com Sidónio Bettencourt na RDP Açores

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27.1.12

Ilhas d’ água





Ilhas suspensas
Estendidas,
Encolhidas,
De formas rendidas
Ao sabor de sonhos de água.

Mãos de vento modelam
Esses corpos macios
Como menino vadio
Que, do nada, inventa vida!

Vão de corrida
Atropeladas de azuis,
Águas rodeadas de ar
Que poisam sem pensar,
Que se esbarram em rugidos
Dividindo a cortina silenciosa
Sem porquê,
Do nada,
Esbofeteada!

Mutantes
Cortinados ao sol
Que em valsas seduzem seus encantos,
Beijam-no
Em sonhos multicor
Naquele abraço que desce ao mar
Num mergulho de poetas virgens

E as palavras mortas germinam
Peixes e algas,
Gotas que batem as palmas
E esvoaçam com a alma
De quem sempre regressa
Ao ninho de névoa branca
Em Ilhas suspensas
Estendidas
Encolhidas,
De formas que se deformam
Na película de uma história
Que se reinventa em cada olhar!

18.1.12

Terceira - Mulher




Terra ternura,
Beijada por gente no Porto e na Praia
Tapete de delícias
Remadas em galeões
Às Indias.
Poesia escarlate e azul
De mar banhada a sul
Rodando em teu olhar…
És saia de água
Profundo mistério,
Bailado de sorrisos ao sol!

Terceira!
Mulher inteira!
Pés descalços em terra de fé,
Xailes cantantes,
Olhares amantes
Vitórias da proa à ré!

Vestes camélias
Teu nome Amélia, de alva doçura.
Biscoitos basaltos,
Teu trono no alto
Coroada!
Trilhos de terra, floridos
Mantos de água polidos
Moinhos movidos a mel…
Vela da noite,
Lua semi-nua
Bailado de um perfeito amanhecer!

Velejador do tempo





Velas espreguiçadas,
Vagas de raiva espumadas,
Mastro, ponteiro desnorte.
Sangue em lava, corpo gelado,
Oceano rasgado
Enquanto os dias empurram o luar…
Vai-se atrás, em frente,
Despe-se o rosto dormente,
Cordas que fecham mãos calejadas.
Sabe-se, ainda que incerto
Que há bonança adiante
Mesmo que, de tão perto,
Tarde… como um amante…
Cansaço desprendido,
Valentia desmedida,
Ser além do que se é
Para ser proa ou ré,
Também!
Ah revolta de quem ama!
Poder de quem supera,
Vontade que brama
Sem ruído,
Com olhos de terra lavada,
Vestidos de azul e cinza!
Não há remos, são braços.
São corações à boca
Que dão ao mar abraços!
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