Entrevista com Sidónio Bettencourt na RDP Açores

Just a Silent thought to share

3.9.10

Poeta sem Piano




Ele devolvia-se à profundeza de seus silêncios.
Olhou-a no primeiro poiso de brisa quente soletrando-lhe os passos.
E ela deslizava na timidez expectante de um perfume desconhecido.
Como plumas rodopiantes num universo de ternura,
Seus mundos condensaram-se numa gota de felicidade eterna.
Foi ali,
Perante tudo o que era inválido, vencidos pelo fogo,
Que seus corpos se fundiram sem toque nem medo.
Então os lábios puros pecaram, rompendo o segredo,
E o mundo inteiro sorriu no contágio daquele instante…
E nem Romeu ousou reivindicar um trono
Que já não era mais seu.
Agora todos os poemas perfeitos,
destilados de versos pálidos e desajeitados,
erguiam-se nas teclas delicadas de pele suada
e rasgavam gemidos inconstantes…
De pianíssimo a forte, nas madeixas do desejo,
Os acordes eram um orvalho ascendente,
Condensados num luar estrelado e quente,
Que coroava o mistério oculto a todas as divindades.
Apenas o poeta sabia tocar sem piano,
E soltar daquela mulher de fogo, um som perfeito,
Como o crepitar de uma chama
Que teima em eternizar-se
Numa canção doce e divina
Composta pelo amor.

Silenciosdeouro
2010-09-03-01h10

Sem comentários:

Enviar um comentário

free counters