Entrevista com Sidónio Bettencourt na RDP Açores

Just a Silent thought to share

15.4.09

Palestra de um desejo














Na dimensão crescente de uma textura inventada,
Condensados os momentos e as confissões,
Há uma palavra secreta, muda, cega, calada…

Não são cristais de timidez em auroras boreais,
Não são espelhos que duplicam uma fantasia,
Mas poemas de maresia estendidos nos areais…

Sem toque disfarçado ou empurrado, acidental,
Para que não se quebre o castelo de gel,
Olha-se então, num beijo não consumado, transcendental…

O arrepio, a brisa, o arrebatamento recém- suado,
A envolvência desejada que duplica no fôlego,
O ter, não tendo, em conquista, desembrulhando a voz…

As mãos quietas, corpos distantes, fogo e silêncio,
Neblina dos sentidos germinando falésias de vertigens
Resumidas na escalada do desejo retido a ferros pelo tempo…

A fúria e o pudor desembainham e esgrimam,
Maestria e rubor entranhados na pele que vai vencendo,
E os poros celebram em tremores inextinguíveis…

Solta-se o brado da libertação, quebra-se o cofre dos anseios,
Despejam-se os beijos, jorram os dedos nas searas de veludo,
E acontece, em tempo sem medida, de sol a luar, tanto e tudo…

Na palestra de lençóis de água de sal e mel, licores mesclados,
Salpicos de magia em sons monossilábicos,
O castelo demolido, hasteado o estandarte da consumação…

O sorriso despe-se em gargalhada que cerra as pálpebras,
O fulgor de lava incandescente se deita deliciado,
E as palavras brincam com os desejos ainda insaciados…

Renascem rugidos, reabrem-se flores ao sol,
Embrenham-se cabelos nos dedos
E pede-se mais, sem saber esperar, sem trovões, sem medos…
Apenas um outro estado, talvez mais húmido, menos sedento,
Mais consciente, menos detido, pretendido, alcançado,
Em momento, de loucura e delírios, consumado…

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